quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Stalker





Você pode ler ao som de Human - RangBone Man
  
Começou com uma curiosidade mórbida – eu precisava saber quem você é, o que fazia de você alguém tão importante para ele e, por Deus, eu tinha que entender o que eu havia deixado de ser. Naquele primeiro momento, eu só te odiava. Apontava os seus defeitos com o rigor de um examinador da OAB. O tempo foi passando, a dor encontrou um lugar para se esconder em mim, e a minha curiosidade se tornando rara. Dia desses, mordida e ferida pela dor que resolveu novamente sangrar, vasculhei suas redes sociais. Desta vez, sem ódio. Sem buscar em você a mulher que eu nunca serei. Encontrei entre suas crenças, seus valores e até mesmo seus vícios, uma versão de quem eu sou. Afinidades. Cheguei a acreditar que, sob uma outra circunstância, talvez tivéssemos sido amigas. Eu já não consigo mais odiá-la. Não consigo olhar sua foto sorridente e xingá-la como eu fazia antes. Se você teve alguma culpa no passado, eu a perdoo. Nunca foi sua responsabilidade não me ferir. Nunca esteve em seu discurso, o compromisso de honrar uma promessa. A partir de hoje, me comprometo a jamais buscar o seu nome nas redes sociais. Não vou mais tentar encontrar em você, a justificativa para a minha mágoa e o meu sofrimento. Não lhe coloco no lugar de algoz, mas me liberto do grilhão que me prendia a você com comparações cruéis. A partir de hoje, eu me libero da busca vazia em entender a mulher que você é, para enxergar a mulher que eu sou. O extraordinário desta mudança está em entender que a busca por respostas nunca cessará, mas não serão encontradas em outra pessoa, apenas em mim.

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